(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
[Trecho de Tabacaria – Álvaro de Campos]
Como não se extasiar diante do poema Tabacaria, escrito em 1928 por Álvaro de Campos/Fernando Pessoa? Não me lembro exatamente em que ocasião o li pela primeira vez. (Sei que faz um bom tempo!). O certo é que desde então não consigo parar de lê-lo e cada nova leitura traz uma outra descoberta. Quem somos, para onde vamos, nossa pequenez diante do Infinito, o desencanto diante de perguntas sem respostas, o jogo de (ir)realidades... todas as questões que estão para além do plano material e que ao mesmo tempo estão impregnadas com o concreto do cotidiano reverberam ao longo o poema. Não cabe aqui uma análise literária minuciosa que poderia trazer, por exemplo, Gaston Bachelard e seu conceito de devaneio poético. O que extraio aqui, e peço licença para pegar emprestado do poeta, é a imagem da metafísica do chocolate. Às vezes o que é ou parece grandioso ou indecifrável revela-se no que há de mais simples e prosaico. E mesmo assim, por partir do princípio de que tudo é complicado, ou supostamente deveria ser, não aproveitamos a simplicidade do momento. A eterna mania humana (em especial os adultos) de complicar as coisas! [Uma leitura pessoal].
Ainda não sei se no blog cabe o título ou se no título cabe o blog. Difícil prever o desenrolar das pedras. De qualquer forma, está aí muito do que me faz devanear: Fernando Pessoa, Tabacaria, e, claro, chocolate, que em seu sentido denotativo e deliciosamente real faz surgir, prazerosamente, as mais agradáveis sensações.
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
[Trecho de Tabacaria – Álvaro de Campos]
Como não se extasiar diante do poema Tabacaria, escrito em 1928 por Álvaro de Campos/Fernando Pessoa? Não me lembro exatamente em que ocasião o li pela primeira vez. (Sei que faz um bom tempo!). O certo é que desde então não consigo parar de lê-lo e cada nova leitura traz uma outra descoberta. Quem somos, para onde vamos, nossa pequenez diante do Infinito, o desencanto diante de perguntas sem respostas, o jogo de (ir)realidades... todas as questões que estão para além do plano material e que ao mesmo tempo estão impregnadas com o concreto do cotidiano reverberam ao longo o poema. Não cabe aqui uma análise literária minuciosa que poderia trazer, por exemplo, Gaston Bachelard e seu conceito de devaneio poético. O que extraio aqui, e peço licença para pegar emprestado do poeta, é a imagem da metafísica do chocolate. Às vezes o que é ou parece grandioso ou indecifrável revela-se no que há de mais simples e prosaico. E mesmo assim, por partir do princípio de que tudo é complicado, ou supostamente deveria ser, não aproveitamos a simplicidade do momento. A eterna mania humana (em especial os adultos) de complicar as coisas! [Uma leitura pessoal].
Ainda não sei se no blog cabe o título ou se no título cabe o blog. Difícil prever o desenrolar das pedras. De qualquer forma, está aí muito do que me faz devanear: Fernando Pessoa, Tabacaria, e, claro, chocolate, que em seu sentido denotativo e deliciosamente real faz surgir, prazerosamente, as mais agradáveis sensações.
Um comentário:
Uau! Eu disse que leria tudo direitinho depois, mas não resisti! Seu lado resenhista não pode ser preterido, porque também é muito bom sempre!
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