domingo, 31 de agosto de 2008

Um "nice dream" tornando-se realidade?*


Que o sonho agradável de assistir a um show do Radiohead ao vivo e em cores ano que vem deixe de ser um sonho apenas.
Há quem confirme na internet que em março a banda estará em terras brasileiras fazendo shows. Será? Será? Será?

Putz! Graças à maravilhosa tecnologia chamada internet pude assistir em tempo real ao webcast do último show da turnê do álbum In Rainbows nos Estados Unidos, que aconteceu em Santa Bárbara/Califórnia, dia 28/8. Fiquei com vontade de chorar de emoção (sem hipérboles!). Foram 25 músicas em duas horas de show!!! O setlist foi perfeito. In Rainbows em peso, claro... muito Kid A (enceraram com Idioteque! Simplesmente ma-ra-vi-lho-so!). Tocaram Paranoid Android do Ok Computer, nem acreditei!

Fui dormir feliz, mesmo sabendo que no outro dia seria uma zumbi ambulante... uma zumbi feliz, decerto (era 2h da manhã de 29/8 quando o show acabou... algo chamado fuso horário no meio do caminho). Só fez dar água na boca... Agora é torcer para que a vinda deles seja verdade e, lógico, eu possa ir (já que provavelmente Brasília não estará no roteiro)...

* Nice dream, Radiohead no album The Bends (1995)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Amélie Poulain e eu


Não sei por que, mas me identifiquei de imediato com a Amélie Poulain (Audrey Tautou) assim que assisti ao Fabuloso Destino... no cinema anos atrás. Talvez porque nunca fui o mais sociável do seres, principalmente na adolescência, o que, de certa forma, fez com que eu criasse um mundo muito meu. Assim como Amélie, sempre tive uma imaginação para além do que me era dado pela realidade.

Amélie é um ser que inicialmente é bastante arredio, provavelmente pela falta de prática (leia-se “medo”) de se relacionar com as pessoas. Aos poucos, ela parte de uma vida que seria apática para uma vida na qual decide ser o instrumento para a felicidade alheia. E por um bom tempo acha que esse tipo de altruísmo é o bastante para sua própria felicidade. É preciso que amigos a façam enxergar que a condição de se ser feliz depende muito do permitir-se ser feliz por si mesma e não apenas através das outras pessoas. É então quando depois de muita resistência ela se entrega à sua paixão por Nino Quincampoix (Mathieu Kassovitz) e parece terminar o filme vivendo a felicidade em sua essência.

A cada dia eu me descubro um pouco mais, mesmo em meio a tantos pensamentos desencontrados sobre tantos assuntos diferentes entre si. Ou mesmo me redescubro, o que é satisfatoriamente prazeroso. “Permitir-se” é um longo processo que exige reformulações de idéias o tempo todo. Ainda bem (mesmo que às vezes seja doloroso!). E sigo indo a passos singelos ("para evitar a fatiga", diria o Jaiminho do Chaves). Acredito muito mais nos detalhes do que em grandiosidades. Acho que agora só falta meu Nino Quincampoix.

ainda tentando sobreviver ao caos

Eu deveria estar estudando matérias terrivelmente contrárias ao que me faz uma pessoa mais feliz, mas não consigo. E, por consequência, sinto-me culpada. Por isso tenho me sentido mais triste ultimamente, entre o “dever” e o “querer”. Tantos livros belos para serem lidos, tantos filmes maravilhosos para serem vistos, tantas músicas fundamentais para serem escutadas... luto constante e fortemente contra a minha falta de concentração diante de tantas coisas benéficas à alma e ao coração. E tudo isso segue ao som do implacável tic-tac do relógio. Daqui a pouco terei mais de 30 anos (se assim o quiserem!) e serei o reflexo das minhas escolhas de agora. Que caminho seguir? Que escolhas fazer? Seria uma crise dos quase 30? Talvez. A verdade é que nunca me senti totalmente imune a crises. Talvez apenas na infância, quando o futuro, de tão distante e ideal, parecia um sonho. Quando somos jogamos no mundo real, do dinheiro, do trabalho, nem sempre há beleza ou simplicidade. Pelo menos não aparentes. Por isso, muitas vezes, quase choro (sem figuras de linguagem!) quando, saindo do trabalho, vejo o sol se pôr no maravilhoso céu de Brasília com a voz de Nina Simone tocando no carro. Por alguma razão, isso me faz lembrar de uma beleza irrecuperável que está sendo perdida e então mais um dia se acaba. Como já ouvi de amigos, “mais um passo para o irremediável fim”.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o
convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
Fernandes
que não tinha entrado na história.
("Quadrilha" – Carlos Drummond de Andrade)


Uma forma descontraída de ver os desencontros amorosos. Pena que na vida real não pareça tão engraçadinho assim... Pelo menos a poesia colore a vida.
Ultimamente tenho ouvido muito The Smiths. Sempre faz sentido. Poucos conseguem traduzir com tanta veracidade as agruras do coração.



The Boy With The Thorn In His Side (1985)

tentando sobreviver ao caos

Não, hoje não quero um choro público. Choro comigo mesma um choro silencioso. Prefiro isso a me expor para pessoas que pouco ou nada entenderiam. Resigno-me mais uma vez ao meu medo de ousadias. Ainda que não queira, fico com o que devo fazer. E não faço o que gostaria, embora deseje fazê-lo. Pareço estar presa a um círculo, daí a sensação de estar sempre no mesmo lugar. Tenho me sentido platéia de mim mesma. Fecho os olhos e sonho que levanto da poltrona, corro até o palco, desnudo a protagonista que ali está em pé, visto suas roupas e acho-me tão íntima da personagem que me permito arriscar alguns improvisos. A quem de fato cabe esse papel? Abro os olhos e chego a conclusão de que mesmo que tudo acabasse amanhã, o já aparentemente sem sentido restaria ainda mais sem sentido. Como explicar tanto caos, talvez mais imaginário que real?

domingo, 3 de agosto de 2008

Tema de "Amor à flor da pele", de Wong Kar-Wai

Belíssimo tema do igualmente belo "Amor à flor da pele" (In the mood for love, 2000), de Wong Kar-Wai.

Yumenji's Theme, de Shigeru Umebayashi



Curiosidade: essa música é originalmente da trilha sonora de um filme chamado Yumeji (1991), do diretor japonês Seijun Suzuki, que ainda não assisti.

Além disso, há uma versão em gaita, tocada por Chikara Tsuzuki, e está no muito bom "Um beijo roubado" (My blueberry nights, 2007), também dirigido por Wong Kar-Wai.