segunda-feira, 13 de junho de 2011

Um pouco de Pessoa

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Como que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.

(Fernando Pessoa)

domingo, 24 de abril de 2011

...

"So subdued I was by those tears, and by their breaking out again in the course of the quiet walk, that when I was on the coach, and it was clear of the town, I deliberated with an aching heart whether I would not get down when we changed horses and walk back, and have another evening at home, and a better parting. We changed, and I had not made up my mind, and still reflected for my comfort that it would be quite practicable to get down and walk back, when we changed again. And while I was occupied with these deliberations, I would fancy an exact resemblance to Joe in some man coming along the road towards us, and my heart would beat high. –As if he could possibly be there!

We changed again, and yet again, and it was now too late and too far to go back, and I went on. And the mists had all solemnly risen now, and the world lay spread before me."

(Charles Dickens, Great Expectations. Volume I, Chapter XIX)

domingo, 20 de março de 2011

Som vindo da Suécia

Nos últimos dias, Lykke Li tem dominado a playlist do meu iPod. O amor e seus (des)encontros é o tema que permeia as músicas dessa sueca de 25 anos. Tema que, aliás, nunca sai de moda.

Wounded rhymes, álbum lançado neste ano, o segundo da cantora, é viciante.

terça-feira, 8 de março de 2011

Som viciante


A primeira audição do álbum de James Blake me causou um certo estranhamento. Mas agora não consigo tirar o som do meu headphone. Fiquei viciada.

segunda-feira, 7 de março de 2011

...

She stood among the swaying crowd in the station at the North Wall. He held her hand and she knew that he was speaking to her, saying something about the passage over and over again. The station was full of soldiers with brown baggages. Through the wide doors of the sheds she caught a glimpse of the black mass of the boat, lying in beside the quay wall, with illumined portholes. She answered nothing. She felt her cheek pale and cold and, out of a maze of distress, she prayed to God to direct her, to show her what was her duty. The boat blew a long mournful whistle into the mist. If she went, tomorrow she would be on the sea with Frank, steaming toward Buenos Ayres. Their passage had been booked. Could she still draw back after all he had done for her? Her distress awoke a nausea in her body and she kept moving her lips in silent fervent prayer.

A bell clanged upon her heart. She felt him seize her hand:
- Come!

All the seas of the world tumbled about her heart. He was drawing her into them: he would drown her. She gripped with both hands at the iron railing.
- Come!

No! No! No! It was impossible. Her hands clutched the iron in frenzy. Amid the seas she sent a cry of anguish!
- Eveline! Evvy!

He rushed beyond the barrier and called to her to follow. He was shouted at to go on but he still called to her. She set her white face to him, passive, like a helpless animal. Her eyes gave him no sign of love or farewell or recognition.

(James Joyce. "Evelyn". In: Dubliners, 1914)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Let's dance!


Sem dúvida, no quesito música, o Radiohead foi o tema mais falado, escrito, comentado e visto nas redes sociais e nos sites especializados. Eis que antes do tempo previsto, a banda disponibilizou The Kings of Limbs para download em sua página oficial.

Estou nas primeiras audições e estou gostando do que estou ouvindo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Expectativa

Faltam 2 dois e (talvez) algumas horas...



sábado, 12 de fevereiro de 2011

Um som recém-descoberto

Two Door Cinema Club não sai da minha playlist. As músicas dessa banda irlandesa são deliciosamente viciantes. Dá vontade de sair dançando...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Thomas Leroy para Nina Sayers: The only person standing in your way is you.

Erica Sayers: What happened to my sweet girl?
Nina Sayers: She's gone!

No dia 27 de fevereiro de 2011, Natalie Portman ganhará um Oscar por interpretar a bailarina Nina Sayers, merecidamente. Percebe-se uma incrível entrega da atriz para dar vida a uma pessoa obcecada pela perfeição, condição exigida pelo competitivo mundo da dança.

Mas muito mais do que simplesmente apresentar os bastidores de um grupo de balé, Cisne Negro penetra na psiquê de Nina, mostrando por meio de ricos símbolos - com os espelhos ou a boneca quebrada da caixa de música - toda a transformação/revolução psicológica que ela sofre em nome da arte.

O elenco conta ainda com as expressivas participações de Vincent Cassel, Barbara Hurshey, Mila Kunis.

Daren Aronofsvky vem se firmando, na minha opinião, como um dos diretores mais interessantes dos nossos dias. Dirigiu "Pi" (1998), já consagrado cult, "Réquiem para um sonho", polêmico (?!) filme do início do anos 2000, "O Lutador", filme que rendeu o Oscar de melhor ator a Mickey Rourke em 2009... A minha única ressalva até agora seria "Fonte da Vida". Achei chato. Pode ser que em uma revisitada eu possa mudar de ideia.

Enfim, filmaço! Houve gente que saiu do cinema detestando o filme. Gosto não se discute mesmo.

Vampire Weekend no Circo

Três dias para a internet é tempo suficiente para as notícias virarem coisa do passado. E a essa altura é possível encontrar na internet vários textos (com "cara de antigo") sobre o show que o Vampire Weekend fez no Circo Voador, Rio de Janeiro, quinta-feira passada, dia 3 de fevereiro de 2011. Ainda assim, me atrevo a escrever algumas linhas sobre a minha experiência.

A primeira vez que tomei conhecimento de Vampire Weekend foi pelo blog do Lucio Ribeiro, em algum momento de 2008, ano em que a banda lançou seu primeiro álbum, homônimo. Confesso que o som, nas primeiras audições, me causou um certo estranhamento, mas de tanto ouvir A-Punk, porta de entrada para o mundo de VW para mim, foi impossível ficar imune à música dos quatro novaiorquinos que misturam diferentes influências musicais - Ezra Koenig (vocais e guitarra), Rostam Batmanglij (vocais, guitarra, teclado...), Chris Baio (baixo) e Chris Tomson (bateria).

Passados três anos, concluindo a turnê mundial do segundo álbum, "Contra", lançado no início de 2010, finalmente a banda desembarcou em solo brasileiro para 3 apresentações – Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.

Quase entrei em pânico quando soube que os shows em São Paulo e Rio de Janeiro seriam no meio da semana, já que não moro nem em SP nem no RJ. O desespero foi geral. Mas como no final as peças tendem a se ajeitar, consegui me organizar para ir ao Rio de Janeiro. Lá seria, de qualquer forma, minha primeira opção. Já havia assistido show na Via Funchal (Coldplay) e no Circo Voador (Franz Ferdinand) e sabia que show no Circo geralmente "pega fogo".

Ingressos e passagens comprados em dezembro, o difícil foi segurar a ansiedade para fevereiro chegar logo. E, então, dia 3 de fevereiro, chegou.

Os minutos próximos ao início do show são tensos, a adrenalina vai subindo a cada milésimo de segundo. Quando finalmente entram no palco, tudo parece um sonho. Cara, eles estão ali, na sua frente, tocando...

Muito tem sido dito e escrito sobre o comportando supostamente apático da banda. Acredito na liberdade de expressão que cada pessoa tem e respeito, mesmo que não concorde. Fato é que o público que estava lá viveu aquele momento com alegria, curtindo as músicas, dançando, pulando, cantando... e isso é sempre muito bonito e emocionante de se ver... por um momento todos tem algo em comum.

A reação dos fãs seria bem diferente se o show tivesse sido ruim, ou os músicos não correspondessem suas expectativas. E, sim, o show foi feito pelos e para os fãs, que, por meio do projeto Queremos, ajudaram a realização do evento no Rio de Janeiro. Então, para aqueles que gostam da VW verdade, foi uma noite especial, cheia de boas lembranças.

O que não é justo é o tempo não parar. Os minutos vão passando e já vai dando uma saudade danada, porque sabemos que o setlist está sendo cumprido. A vontade é que aquele momento dure sempre mais um pouco. Ok, fiquei decepcionada quando saíram do palco após Walcott, a música derradeira, sem tocarem a belíssima "I Think Ur a contra", uma das músicas que mais gosto. Não acreditei! (Invenjinha que sinto dos que assistiram o show em SP.) Mas, ainda assim, foi uma noite maravilhosa.

E o que estava bom ficou melhor ainda. Seguindo um impulso latente, resolvi ficar após o show para tentar falar com eles e deu certo. Não só tive a oportunidade de vê-los de perto, como conheci pessoas muito legais nessa espera, fãs como eu. Mais de uma hora depois de terminado o show, eles saíram do camarim, em direção à van, mas pararam por uns bons minutos para atender os fãs persistentes que resistiram até o final. Fotos, autógrafos, conversas, tudo isso foi possível para quem estava lá. Eu até gastei um pouco do inglês com o Ezra pedindo que tocassem "Contra" da próxima vez... Todos são muito simpáticos e solícitos, algo que não acontece sempre. Isso os torna mais especiais ainda.

Depois de tanta emoção, voltei ao hotel sorrindo de orelha a orelha, mal acreditando que aquilo tinha acontecido de verdade. E ainda estou tentando acreditar. Espero que não demorem uma eternidade para voltar ao Brasil.

Repaginada

Ok. Blog repaginado.
Em vez de fechá-lo e abrir outro, como estava pensando nas últimas semanas, resolvi reciclá-lo. Não é um recomeço do zero, mas é um recomeço.

(Ouvindo: The Walkmen - I'm Never Bored)

Um pouco de poesia

Sempre que leio e.e. cummings, me encanto ainda mais por suas palavras e imagens.

Há um poema belíssimo, traduzido por Augusto de Campos, musicado por Zeca Baleiro, que não me canso de visitar. Chama-se "Nalgum lugar".

O original:

somewhere i have never travelled

somewhere i have never travelled, gladly beyond
any experience, your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near

your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully,mysteriously)her first rose

or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;

nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the color of its countries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands

E a música: