O disco de estreia da banda escocesa Franz Ferdinand, de 2004, havia me conquistado nas primeiras audições. Comprei o cd apenas com o hit Take Me Out na cabeça e logo todo o disco já havia me arrebatado.
Em fevereiro de 2006, a banda veio ao Brasil abrir os shows do U2, no Rio e em São Paulo, e no meio do caminho apresentaram, na Lapa, bairro tradicional da boemia carioca, um show da turnê do segundo álbum, You Could Have It So Much Better, lançado no segundo semestre de 2005.
Foi exatamente no dia 23/2/2006 que os quatro escoceses – Alex, Nick, Bob e Paul – proporcionaram uma noite que, com certeza, ficou grudada na memória das pessoas que puderam presenciar uma explosão de sensações que tornou ainda menor o pequeno espaço do Circo Voador.
Mesmo ciente de que não poderia deixar a chance passar, comprar o ingresso deu um friozinho na barriga, porque nunca, até então, eu havia viajado para longe apenas para assistir a um show. Tive a sorte em dividir a aventura (foram mais de 2.000 Km de ônibus, ida e volta) com uma grande amiga, tão disposta e fã do Franz Ferdinand como eu.
Tentar descrever aquela noite não fará jus à inesquecível real experiência que agora mantenho de forma clara e com carinho na memória. Foi, de fato, impressionante ver pessoas dividindo um momento de comunhão, pulando, dançando, cantando... era perceptível, a todo o instante, o espanto dos músicos com relação à participação fervorosa do público brasileiro. Não é exagero dizer que o êxtase permeou toda a performance da banda, de modo que, ao final do show, parecia que todos tiveram a experiência de uma catarse coletiva.
Escrevo essas reminiscências porque foram fortemente evocadas ontem, quando tive a oportunidade de assistir Franz Ferdinand ao vivo, novamente, desta vez em Brasília. Custei a acreditar quando foi anunciada a inclusão de Brasília dentre as cidades brasileiras que receberiam a turnê Tonight, álbum mais recente da banda. Passada a emoção inicial incitada pela inesperada notícia, veio a angústia pela demora em ser liberado o local onde seria realizado o show. Apenas em fevereiro foi divulgado o local, Marina Hall. Ainda que não tenha ficado animada com o local escolhido, abstraí, já que Franz Ferdinand faria show na cidade, ou seja, eu não teria de viajar para Rio ou Sampa, dessa vez; no final, o local pouco importava.
Ingressos comprados, expectativa. Minha intenção era tentar ficar o mais perto possível do palco. Minha surpresa foi conseguir ficar colada à grade, do lado direito do palco. Instantes antes de o show começar, quando a equipe da turnê preparava os instrumentos, senti meu coração bater mais forte, minhas mãos formigavam... não conseguia conter a felicidade de estar perto do palco, de estar prestes a revê-los. Eles entraram no palco, sorrindo, e se depararam com um salão cheio de gente. Bateria, guitarras, sintetizadores, baixo, vozes, tudo convergiu para uma explosão de emoções, bem próxima daquela que ocorreu há quatro anos na Lapa carioca. Perpassaram sucessos dos três álbuns lançados e a cada música o público pulava, gritava, cantava, suava, reclamando de um local não ideal, mas agradecendo a oportunidade de estar ali. Alex Kapranos continua um show à parte, com sua simpatia contagiante, ganhando o público com um pouco de português, suas danças e trejeitos. Ao final, Franz Ferdinand sempre deixa um gostinho de “quero mais”.
Vídeo por Leliska
Um comentário:
@tataninomia
Escondendo o baú de ouro!
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