quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Amélie Poulain e eu


Não sei por que, mas me identifiquei de imediato com a Amélie Poulain (Audrey Tautou) assim que assisti ao Fabuloso Destino... no cinema anos atrás. Talvez porque nunca fui o mais sociável do seres, principalmente na adolescência, o que, de certa forma, fez com que eu criasse um mundo muito meu. Assim como Amélie, sempre tive uma imaginação para além do que me era dado pela realidade.

Amélie é um ser que inicialmente é bastante arredio, provavelmente pela falta de prática (leia-se “medo”) de se relacionar com as pessoas. Aos poucos, ela parte de uma vida que seria apática para uma vida na qual decide ser o instrumento para a felicidade alheia. E por um bom tempo acha que esse tipo de altruísmo é o bastante para sua própria felicidade. É preciso que amigos a façam enxergar que a condição de se ser feliz depende muito do permitir-se ser feliz por si mesma e não apenas através das outras pessoas. É então quando depois de muita resistência ela se entrega à sua paixão por Nino Quincampoix (Mathieu Kassovitz) e parece terminar o filme vivendo a felicidade em sua essência.

A cada dia eu me descubro um pouco mais, mesmo em meio a tantos pensamentos desencontrados sobre tantos assuntos diferentes entre si. Ou mesmo me redescubro, o que é satisfatoriamente prazeroso. “Permitir-se” é um longo processo que exige reformulações de idéias o tempo todo. Ainda bem (mesmo que às vezes seja doloroso!). E sigo indo a passos singelos ("para evitar a fatiga", diria o Jaiminho do Chaves). Acredito muito mais nos detalhes do que em grandiosidades. Acho que agora só falta meu Nino Quincampoix.

3 comentários:

Grazi disse...

Eu também quero o meu Nino, mas o que eu mais invejo na Amélie é a alma inocente, que não se espanta (e não foge de) com o fantástico e com o mágico, mesmo ela tendo pouca habilidade para tanta coisa da vida...

Eu não vou deixar nenhum verbo no imperativo aqui, porque essas coisas não resolvem, mas eu desejo toda sorte de coisas boas pra você.

Espero que o seu processo de autoconhecimento continue também com a escrita, para que eu, narcisista que sou (ou só pra lembrar Caetano: "é que Narciso acha feio o que não é espelho"), me delicie por aqui.

Tatá Ninomia disse...

Sei que suas palavras são verdadeiras. Por isso agradeço.

Caio Miniaturas disse...

Eu sou apaixonado pelo filme e pela idéia que ele tenta (e consegue) passar. Perdi a conta de quantas vezes já assisti e, mais, ainda, a quantas pessoas eu o indiquei. Ler o teu (ótimo) texto me deixou com vontade de ir ali na estante, pegar o dvd e matar mais uma vez a saudade da heroína errante que ajudava as pessoas a encontrar a felicidade. Beijo grande e boa semana!!!

ALBERGUE MENTAL
http://caioalbergue.blogspot.com