quinta-feira, 19 de junho de 2008

...

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
(Álvaro de Campos - Tabacaria)

Um comentário:

Grazi disse...

Pessoa é meu poeta preferido!
Identificação total com essa poesia... Será que ele era chato como eu? hahahaha
Saudades de você, Tatá.
Beijão.