terça-feira, 24 de novembro de 2009
Expectativa II
domingo, 15 de novembro de 2009
Sou eu
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconsequente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! ...
(Álvaro de Campos)
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
i carry your heart with me
i carry your heart with me (i carry it in
my heart) i am never without it (anywhere
i go you go, my dear; and whatever is done
by only me is your doing, my darling)
i fear
no fate (for you are my fate, my sweet) i want
no world (for beautiful you are my world, my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you
here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life; which grows
higher than soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart
i carry your heart (i carry it in my heart)
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
The New York Trilogy
John Lennon
sábado, 18 de julho de 2009
Beirut
Completely in love with Beirut, Zach Condon, their sounds, their rhythm... I wish I could go to their show in September... It's only a dream by now. Sad reality.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
"Tonight is the night"
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Peter's Friends (1992)
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Crimes and Misdemeanors
segunda-feira, 27 de abril de 2009
uma descoberta...
Descobri Lilac Wine escutando Nina Simone. Foi paixão à primeira vista. "Hipnotizada" talvez seja a palavra mais adequada. É uma canção que foi composta por um tal de James Shelton na década de 50 e que ganhou várias versões ao longo do tempo. Nina Simone, por exemplo, incluiu sua interpretação de Lilac em seu álbum Wild is the wind, de 1966. Em indas e vindas pelo mundo fantástico do Youtube, encontrei a leitura do músico norte-americano Jeff Buckley para a mesma música, gravada para o álbum Grace, de 1994, que me fez ficar ainda mais apaixonada por Lilac Wine. Recentemente ouvi o nome Jeff Buckley numa história que envolve Radiohead e o insight que Thom Yorke teve para gravar Fake Plastic Trees em meados da década de 1990. Aos poucos estou conhecendo o trabalho desse americano que, tragicamente, morreu afogado aos 30 anos de idade, em 1997, às vesperas de começar a gravar seu segundo álbum.
Lilac Tree
Lilac Wine
I lost myself on a cool damp night / I gave myself in that misty light / I was hypnotized by a strange delight / Under a lilac tree / I made wine from the lilac tree / Put my heart in its recipe / It makes me see what I want to see / and be what I want to be / When I think more than I want to think / I do things I never should do / I drink much more than I ought to drink / Because it brings me back you... / Lilac wine is sweet and heady, like my love / Lilac wine, I feel unsteady, like my love / Listen to me... / I cannot see clearly / Isn't that she coming to me nearly here? / Lilac wine is sweet and heady, where's my love? / Lilac wine, I feel unsteady, where's my love? / Listen to me, why is everything so hazy? / Isn't that she, or am I just going crazy, dear? / Lilac Wine, I feel unready for my love, / feel unready for my love.
domingo, 5 de abril de 2009
um pedaço de poesia
Houses and rooms are full of perfumes…. the shelves are crowded
with perfumes,
I breathe the fragrance myself, and know it and like it,
The distillation would intoxicate me also, but I shall not let it.
The atmosphere is not a perfume…. it has no taste of the
distillation…. it is odorless,
It is for my mouth forever…. I am in love with it,
I will go to the bank, by the wood and become undisguised and
naked,
I am mad for it to be in contact with me.
The smoke of my own breath,
Echoes, ripples, and buzzed whispers…. loveroot, silkthread, crotch and vine,
My respiration and inspiration…. the beating of my heart…. the
passing of blood and air through my lungs,
The sniff of green leaves and dry leaves, and of the shore and dark-
colored sea-rocks, and of hay in the barn,
The sound of the belched words of my voice…. words loosed to the
eddies of the wind,
A few light kisses…. a few embraces…. a reaching around of
arms,
The play of shine and shade on the trees as the supple boughs wag,
The delight alone or in the rush of the streets, or along the fields and hillsides,
The feeling of health…. the full-noon trill…. the song of me
rising from bed and meeting the sun.
Have you reckoned a thousand acres much? Have you reckoned the earth much?
Have you practiced so long to learn to read?
Have you felt so proud to get at the meaning of poems?
Stop this day and night with me and you shall possess the origin of
all poems,
You shall possess the good of the earth and sun…. there are
millions of suns left,
You shall no longer take things at second or third hand…. nor look
through the eyes of the dead…. nor feed on the spectres in books,
You shall not look through my eyes either, nor take things from me,
(from Song of Myself in the first edition of Leaves of Grass [1855])
sábado, 28 de março de 2009
Um arco-íris na Apoteose (20/3/2009)
No matter what happens now
You shouldn't be afraid
Because I know today has been the most perfect day I've ever seen.
("Videotape" – In Rainbows)
Luzes, euforia, cores, sons, vozes, realização, palmas, sintetizadores, pulos, vídeos, gritos, felicidade, suor, guitarras, percussão, ansiedade, satisfação, cansaço... faltam palavras para descrever o turbilhão de sentimentos e sensações que surgem ao se ver e escutar Thom, Jonny, Ed, Colin e Phil de perto, fazendo música de altíssima qualidade.
Já faz 1 semana desde a experiência “Radiohead ao vivo” na Praça da Apoteose. No entanto, de tão surreal que foi, ainda não sei se realmente aconteceu ou se tudo não passou de um belo sonho. Just ‘cause you feel it, it doesn’t mean it’s there.
Um simpático Ed O’Brien falando em português, um animado Colin Greenwood pulando e batendo palmas, um afinado Thom Yorke dançando "fofamente", um tímido Jonny Greenwood ultratalentoso, um concentrado Phil Selway fazendo diferença na bateria... um palco ecologicamente correto, uma pitada de consciência política, vinte tantas mil pessoas hipnotizadas por uma performance singular de uma banda que merece todos os melhores adjetivos possíveis.
Ao fim de 25 músicas, ficou a saudade da emoção que perpassou as duas horas e alguns poucos minutos de show. Momentos que passaram à velocidade da luz. Inesquecíveis, decerto.
Há quem inveje uma música aqui outra ali das que entraram nos setlists de São Paulo (22/3), Buenos Aires (24/3) ou Chile (26/3 e 27/3). Sempre faltará esta ou aquela música. Tudo muito subjetivo. Impossível agradar a todos. Ok, quem não gostaria de ouvir Pyramid Song, Talk Show Host, Optimistic, Exit Music (For a Film), Lucky, Fake Plastic Trees, Planet Telex, 2 + 2 = 5 ou Wolf at the Door no Rio??
Seja como for, para mim, o show foi perfeito e único. O primeiro da América do Sul e eu estava lá:
15 Step / Airbag / There There / All I Need / Karma Police / Nude / Weird Fish - Arpeggi / The National Anthem / The Gloaming / Faust Arp / No Surprises / Jigsaw Falling Into Place / Idioteque / I Might Be Wrong / Street Spirit (Fade Out) / Bodysnatchers / How To Disappear Completely / Encore 1: Videotape / Paranoid Android / House of Cards / Just / Everything In It’s Right Place / Encore 2: You and Whose Army / Reckoner / Creep
+ introdução de 15 Step capaz de causar infarto de ansiedade em qualquer um
+ Ed dizendo “nós somos Radiohead” em português antes de Airbag
+ batuque inebriante dos tambores de There There
+ galera cantando Karma Police sem medo de ser feliz e Thom impelido a fazer uma breve capela com a empolgação do povo depois de já terminada a música
+ momento “rain down on me” de Paranoid Android, música épica por excelência.
+ Thom dizendo “this is for all the times that North America tried to fuck with you” antes de You and Whose Army + close de Thom passando num dos vídeos durante essa música + Ed dizendo “bom pra caralho” ao final da mesma música...
Fotos por pilulapop